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domingo, 26 de setembro de 2010

?!




Mais uma vez, e você já deve estar cansando disso, eu não quis acordar.

Era tarde, eu estava deitada sobre seu peito. Tinha acabado de acordar... Ou de ir dormir... Mas quem era ele?

Levantei, olhei em volta. Casa praia. Ok,ok. Quem é esse estranho? Tudo que eu sentia por ele era uma afeição... Era engraçada a forma que ele dormia... Largado. Uma mão sobre os olhos e a outra estirada ao lado do seu corpo. Corpo bonito... Ele não é feio, pensei. É esquisito. Seu cabelo loiro escuro não contrastava com sua pele castanha.

Saí de casa. Era tarde... Ou talvez cedo demais... Quem sabe madrugada? E a única luz visível era a do fino sorriso da lua e o brilho das estrelas. O céu estava tão estrelado! Vi uma estrela cortar o céu tristemente e depois sumir. Esquerda. Aquilo me causou arrepios. Entrei em casa.

Ele já estava acordado. Vi que seus olhos também eram castanhos. Ele conseguia ser tão marrom! Um grande homem marrom. Conclusão estranha... Então, sorrindo veio ao meu encontro e, levemente, beijou meu rosto.

- Bom dia! Também não conseguiu dormir?!.... Eu estive pensando, o que acha de caminhadas?

- Eu gosto – Muitos pensamentos, respostas, perguntas e memórias vieram a minha mente. Não consegui encaixá-las.

- Que bom. Podemos caminhar depois que o sol nascer. O que nos dá tempo para comer e trocar de roupa.

Clareou. E eu ainda não sabia seu nome. Mas enquanto estive ao seu lado me senti tão bem. Tive a impressão que poderíamos nos dar bem.

Caminhamos até chegar a uma praça. Sentamos em um banco que ficava de frente para o mar. Ele me abraçou e aí tudo começou a girar. Antes que eu pudesse sentir enjôo, ou tonta, tudo parou. Estávamos em uma sala de vidro. Tinha muitas pessoas sentadas em bancos próximos ao nosso. Duas dessas pessoas levantaram e, como robôs, se puseram diante a parede que ficava a nossa frente. Começaram a arranhá-la com as unhas. Seus olhos estavam vidrados no nada, olhos que possuíam uma estranha tonalidade amarela, como olhos de gato. Um barulho ensurdecedor atingiu minha mente. Enquanto saiamos, eles gritavam... Miavam...

Corremos até onde pudemos... Chegamos à praia. Deitamos na areia e rimos loucamente. Eu senti uma estranha sensação. Um frio na barriga. Como eu podia me sentir tão bem, ao lado de alguém cujo não sabia nada. Nada além de que ele gostava de caminhar? . . . E de repente estávamos em uma reunião familiar.

Eram pessoas cheias de si. Aquelas que sempre se portam de forma imponente. Como se fossem melhores que todo mundo. Como se pudessem julgar a quem quiser.

- Ela é linda – Disse uma menininha de aparência bondosa.

- Bem, é melhor que aquelas outras zinhas. – disse uma mulher bonita, de nariz reto, cabelos impecáveis e um olhar de meter medo. Eu senti que ela poderia arrancar a cabeça de quem fosse contra seus pensamentos.

- Estranha, olhe seu cabelo – Disse uma outra,, cujo cabelo caia sobre os seios em uma perfeita onda negra.

- É talentosa – Disso um velho com uma expressão filosófica.

- Metida a talentosa – Disse o outro friamente. Tinha um olhar sábio. Como se fosse o homem mais inteligente do mundo.

- Vai deixá-lo, como todas as outras fizeram. – Esta eu julguei ser a mãe dele. Sua pele era igualmente marrom, possuía os olhos castanhos e o corpo igualmente escultural. A diferença estava em seus cabelos, que eram negros.

Eles agiam como se eu não estivesse lá. E eu não consegui parar de pensar em que tipo de pessoa já teria passado por lá. Com certeza pessoas como eles, e ele nem se tocaram disso. Pessoas mesquinhas, pessoas que só se importam com o que lhes interessa.

Fui possuída por uma súbita onda de medo. E se eu fosse como elas? Afinal, eu nem sabia o nome da pessoa a quem, pelo que parecia, estava prestes a me casar. E se eu fosse como elas? E estivesse os julgando, sem conhecê-los. E se a mãe apenas estivesse com medo de que seu filho sofresse?

Estava de volta à praia. Ele me pedia desculpas.

-Tudo bem amor

E quando falei essas palavras eu me senti a pior pessoa do mundo. Eu o amava?

- Amor

E quando ele falou essa palavra eu me senti a pessoa mais injusta do mundo. Ele me amava.

Um comentário:

Lua- Eu Crio Moda disse...

Engraçado como as coisas ocorrem, quando vc se vê em um lugar e não sabe simplemente como chegou lá